domingo, 14 de junho de 2009

Códigos de Honra.


1 - Não se pode apresentar sozinho a um amigo nosso, senão um terceiro irá fazer isso.

2 - Não se deve olhar para as mulheres dos nossos amigos.


3 - Não se deve meter em confronto com os policiais.


4 - Não se deve frequëntar bares ou clubes.


5 - Deve estar disponível a qualquer momento à Cosa Nostra. Até mesmo se a mulher está por dar à luz.


6 - Os compromissos devem ser respeitados.

7 - Deve-se respeitar a esposa.


8 - Quando for chamado para esclarecer qualquer coisa, deverá dizer a verdade.


9 - Não pode se apropriar de dinheiro que pertence a outros ou a outras famílias.


10 - Não pode fazer parte da Cosa Nostra quem tem um parente nas diversas forças de ordem italianas, quem já traiu sentimentalmente dentro da família e quem tem um péssimo comportamento e não respeita os valores.



Estes são os famosos 10 mandamentos da "Cosa Nostra", os quais foram revelados após a polícia encontrar o esconderijo de Salvatore Lo Piccolo, chefe da máfia siciliana.
Há poucos dias vi um documentário sobre a máfia que me fez pensar sobre a importância de seguir certos códigos, seja qual for o propósito.

A atuação da máfia italiana, sobretudo nos Estados Unidos, começa a ruir a partir dos ano 90 por conta do desrespeito aos códigos de conduta, ou, como eram chamados na máfia: direitos e deveres. Certos senhores respeitáveis da Sicília criaram um código com perfeita organização, que autoprotegia os integrantes da máfia e um bem maior: a própria organização. A família pessoal de cada integrante era vista como um pilar dentro da máfia, pois sabiam que qualquer abalo nessa estrutura poderia comprometer seriamente os interesses de todos. A informação é o bem mais precioso de qualquer organização, basta cair nas mãos erradas e tudo estará perdido.

Pois bem, no início dos anos 90 os novos mafiosos diziam manter-se dentro dos códigos antigos, mas na verdade faziam tudo como bem queriam e desrespeitavam abertamente os deveres. A influência do "sonho americano", aquele estilo de vida que já estava consolidado na ocasião, fora absorvido pelos novos integrantes das máfias, os quais eram quase o oposto dos "respeitáveis senhores sicilianos". Práticas como confusões em boates, confrontos com policiais e exposições desnecessárias na mídia começaram a ser comuns. Os velhos mandamentos de honra não faziam diferença para muitos líderes, e não durou muito para que os associados em geral fizessem o que bem entendessem dos seus negócios.
Quando um integrante da máfia era preso, ao contrário de antigamente, a organização não se comprometia a ajudar sua família. A máfia perdera um dos valores mais importantes, o respeito.
No final daquela década, o número de ex-mafiosos era assustador. Centenas de associados da máfia concordavam em ajudar a polícia, recebendo em troca a participação no programa de proteção aos informantes. Muitos dos "traidores" já vinham sendo traídos há muito tempo.

Isso tudo mostra que não adianta nada levantar uma bandeira e agir de forma incoerente. Qualquer valor só faz sentido quando sustentado por um conjunto de regras que é respeitado. Ao questionar e atropelar nossas convicções, precisamos buscar mudanças e algo sólido para nos sustentarmos.
A partir do momento que certos códigos não fazem mais diferença e os "mandamentos" continuam os mesmos, o fracasso é questão de tempo.