quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Maluf, humor sapiens-sapiens-sapiens.


Depois de pensar um pouco sobre como funciona a política e participar por livre e espontânea obrigação de alguns domingos eleitorais (experiência totalmente válida pelo estudo antropológico, é sério) eu constatei que o voto não tem nada a ver com políticos, é muito mais do que isso. Você ficaria impressionado em saber a relação que as pessoas possuem com o ato de votar. Essa ação possui significados variados, podendo ser; um passa-tempo, uma forma de lazer, alguma espécie de afirmação da vida, uma lobotomia, um tempo perdido ou até uma questão de fé. Mas, o que pretendo mesmo com este post é fazer, se possível, algum tipo de análise sobre quem considero um dos últimos artistas notáveis desse país ou, provavelmente, do mundo.
Muitas pessoas se ainda não conhecem certa personalidade de nome Paulo e sobrenome Maluf, ainda vão ouvir falar dela algum dia. Trata-se de um ser humano totalmente diferenciado. Considero que ele está à frente de seu tempo, e não é pouca a distância. Sua profissão é de empresário e investidor, mas, sua real vocação está ligada às artes.
A maioria das pessoas, eu me incluía nesse grupo há certo tempo, acredita que ele seja apenas mais um político com boas intenções. É triste constatar isso e não sei dizer até quando essa situação vai perdurar. A real vocação desse emblemático senhor, acredite, é a comédia crítica. Não estou falando daquele tipo de humor que você encontra facilmente em algum programa nas noites de sábado na televisão brasileira, definitivamente, não. É algo que ainda vai influenciar toda uma futura geração de comediantes, será um marco na história, uma matéria a ser estudada na literatura mundial; possivelmente algo como CAM – CDP (Comédia Antes de Maluf – Comédia Depois de Maluf).
Talvez seja necessário este gênio não “estar mais entre nós” para que possam notar com mais clareza sua forma de arte. A maioria das pessoas, infelizmente, ainda pensa que ele quer ser votado em alguma eleição. Não, absolutamente, não. E, o mais triste de tudo é que muitos ainda votam nele, esse número vem diminuindo a cada disputa eleitoral, ainda bem, pelo menos é um fator positivo. Isso tudo apenas prova que Paulo Maluf é, sem dúvida alguma, o melhor naquilo que ele nunca quis ser; político. Qual destes conseguirá tal façanha algum dia? Não querer ser votado e ainda assim, receber boa quantidade de votos? Extraordinário.
Seu humor crítico é altamente refinado, rico em figuras de linguagem e simbolismos. Sua arte deverá ser compreendida aos poucos, ao longo de muitos anos.
Além do humor crítico, ele é muito versátil e costuma fazer todos os tipos de humor que você conhece. Abaixo deixarei algumas das “frases-artes-obras” mais famosas, colocando algumas observações. Muitas das suas criações ainda não foram consideradas interpretáveis com clareza até o momento, obviamente.
“Todo mundo sabe qual é o meu sonho. Não sou candidato a nada, mas sou candidato a tudo.” (O artista dá uma espécie de dica das suas reais intenções)
”Se está com desejo sexual, estupra, mas não mata.” (Essa frase foi dita em uma palestra para estudantes de medicina, sua complexidade é incomparável)
"Confesso que errei, mas quem nunca errou na vida? Escolhi para ser prefeito de São Paulo, um afrodescendente, carioca.” (Aquele humor que pode “dar cadeia”)
“Se Pitta não for um grande prefeito nunca mais votem em mim.” (Novamente ele enfatiza suas reais intenções na política)
“Brasília é como uma colméia. Metade fica voando e metade fica fazendo cera.” (Bela aplicação literária)
"Meus pecadinhos são muitos pequenos."
“Já disse mil vezes e vou repetir democraticamente mais uma: não tenho conta na Suíça.” (Uma crítica genial ao conceito de sistema democrático)
"Dizem que prometo muito e faço pouco. Se eu prometo muito é porque faço muito."
”No julgamento final, quando chegar perante Deus, e ele me perguntar o que você fez lá, naquele mundo terrestre. Eu vou dizer que ajudado pelos meus amigos e pelo meu partido, eu fiz isso, isso e isso. Vou tomar uns dois meses de Deus contando o que eu fiz. Aí ele vai dizer: Maluf, seus pecados são pequenininhos. Fica uns dez minutos no purgatório e depois vai pro céu.” (Crítica referente a muitos pensamentos religiosos)
“Se não tivesse sido político, se eu fosse cientista, vocês podem ter certeza, eu estaria bem perto de descobrir a cura do câncer.” (Uma crítica global ao sistema/indústria da Saúde)
"Não é possível andar mais do que 10 minutos em São Paulo sem passar por uma obra minha" (Essa frase foi dita faz tempo, atualmente ele já chegou a falar em 5 minutos.)
"No Brasil, o político é veado, corno ou ladrão. A mim, escolheram como ladrão." (Uma metalinguagem?)

Seria um pecado não conferir sua atuação ao cantar a música “amigo” do não menos artista, Roberto Carlos, num programa da "Marilia Gabi Gabriela" em 1986.